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Mulheres na Construção: Desafios e Oportunidades
Como projetos de qualificação estão fortalecendo a presença feminina na construção civil
No Brasil, a presença feminina na construção civil vem se consolidando gradualmente, embora os desafios ainda persistam. De acordo com dados de 2021 do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), apenas 20% dos profissionais registrados são mulheres – um número que inclui funções administrativas e áreas como engenharia e agronomia.
Nos canteiros de obras, a participação feminina ainda é reduzida. Estudos recentes da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC) mostram que, em 2023, apenas 9,2% dos trabalhadores formais na construção civil eram mulheres. Já no mercado informal esse número cai para 4,4%, evidenciando a desigualdade no acesso a oportunidades.
Apesar desses números modestos, observa-se uma tendência positiva. Entre 2006 e 2021, houve um aumento de 132% no número de mulheres com carteira assinada no setor. Em 2023, 14,4% das 158.948 vagas criadas na construção civil foram ocupadas por mulheres, representando um crescimento em relação aos 12,2% registrados em 2022.
Diante da intensa demanda por mão de obra qualificada, políticas públicas, como o Programa Mulheres Construindo Autonomia na Construção Civil – lançado em 2012 pelo Governo Federal – se mostram fundamentais. Projetos sociais também têm desempenhado um papel crucial na redução dessas disparidades. Iniciativas integradas, que combinam capacitação técnica, treinamentos práticos e programas de mentoria, têm impulsionado a inserção de centenas de mulheres no mercado de trabalho.
No contexto das práticas ESG, a Construtora Cury executou em 2024 o projeto “Elas no DAT”, em parceria com o Instituto Mulher em Construção. Essa iniciativa nasceu com o propósito de inserir mulheres periféricas no mercado da construção civil, capacitando-as como pedreiras de manutenção. A ação formou duas turmas: a primeira contou com seis participantes, todas contratadas, sendo que cinco permanecem na Cury e atuam diretamente na entrega de chaves aos clientes. Na segunda turma, cinco mulheres participaram e também foram integradas à equipe da empresa.
O impacto foi percebido tanto na qualidade técnica e no cuidado nos atendimentos quanto na dinâmica interna dos times. Atualmente, 16 mulheres atuam em São Paulo e 6 no Rio de Janeiro, desempenhando funções na entrega de chaves e na assistência técnica.
O impacto do projeto é confirmado pelos relatos das participantes. Jurema Freitas Alves, de 65 anos, superou barreiras relacionadas ao etarismo e declarou:
“Minha vontade sempre foi conhecer mais sobre essa área e quando soube da oportunidade, temi não ser aceita pela minha idade. Mas entrei no curso, me capacitei e hoje trabalho com isso.”
Da mesma forma, Ana Paula, de 46 anos e mãe solo, encontrou na capacitação uma poderosa ferramenta de empoderamento, alimentando o sonho de, um dia, abrir sua própria empresa voltada para mulheres chefes de família.

Ações como essa geram impactos positivos concretos, redefinindo a presença feminina na construção civil e promovendo a igualdade de oportunidades. Esse esforço contribui não só para a redução da desigualdade de gênero e raça, mas também para o fortalecimento da economia local e a criação de um ambiente de trabalho mais plural e inovador. Especialistas do setor, como representantes da Associação Brasileira de Construção Civil (ABCI), destacam que investimentos em capacitação e inclusão geram benefícios tangíveis: ambientes mais diversos tendem a ser mais criativos e resilientes. Estudos globais reforçam os benefícios da diversidade de gênero no mercado de trabalho. Uma pesquisa da consultoria McKinsey revelou que empresas com diversidade de gênero nas equipes executivas têm 21% mais chances de lucrar acima da média e 27% mais probabilidade de criar valor agregado em relação às menos diversas.
A presença feminina em altos cargos também está associada a maior transparência e melhores políticas de responsabilidade social.
Dessa forma, apoiar projetos que fortalecem a presença feminina na construção civil revela-se uma estratégia eficaz para ampliar oportunidades e gerar mudanças concretas para as populações historicamente marginalizadas.
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